Amor Amor
Nunca amamos ninguém. Amamos,
tão-somente, a idéia que fazemos
de alguém.
É a um conceito nosso - em suma,
é a nós mesmos- que amamos. Isto
é verdade em toda a escala do
amor.
No amor sexual buscamos um
prazer nosso dado por intermédio
de um corpo estranho.
No amor diferente do sexual,
buscamos um prazer nosso dado
por intermédio de uma idéia
nossa.(...)
As relações entre uma alma e
outra, através de coisas tão
incertas e divergentes como as
palavras comuns e os gestos
que se empreendem, são matéria
de estranha complexidade. No
próprio ato em que nos
conhecemos, nos desconhecemos.
Dizem os dois 'amo-te' ou
pensam-no e sentem-no por troca,
e cada uma quer dizer uma idéia
diferente,
uma vida diferente, até,
porventura, uma cor ou um aroma
diferente, na soma abstracta de
impressões que constiui a
atividade da alma. (...)
Bernardo Soares / Fernando
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