Pássaro
Cativo
Marise Ribeiro Na escuridão dos meus medos Sou pássaro cativo e sem canto Asas caídas em desencanto Proibido de sobrevoar arvoredos... Depenado do meu instinto Já nem sei mais aninhar E o que ainda me resta ciscar É a ilusão de um amor faminto. Em outros tempos voei, voei... Até ventos fortes domei Hoje, entre garras vejo a solidão E a fraqueza em sonhos de emigração... Sou andorinha sem verão Sabiá sem laranjeira Bem-te-vi caído ao chão João-de-barro sem companheira. Sou beija-flor sem um jardim Canário sem bela plumagem Sou pássaro ferido na folhagem Vendo a vida bater asas... de mim! |