Enigmática
 
 
 
Então eu perguntei ao anjo que habita o fim do mundo:
Como escrever um verso que contemple a vida e a morte
O sonho amargo, o despertamento indócil
As cartas dos antigos declinando a sorte?
 
De onde vem a solidão de um verso
Se a alma, que é gêmea da poesia
Quer dançar na eternidade, apenas
O seu momento breve de alegria?
 
Porque só o sofrimento constrói o álibi
Da lágrima, que humildemente lava a alma
E o grito somente distrai o coração
O homem não consegue ir além do homem?
 
Que força estranha move um canto
Em graça, movimento e fino odor
Que fustiga os confins da existencia
E abraça a musica e a flor?
 
De onde virá a palavra, o gesto, o bálsamo
Que abrandará o dor dos homens?
 
E ele não me respondeu,
Discretamente não me respondeu!
 

João das Flores
 
 
 
 
 
 

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